Canais e Interferências
Evite ou amenize um dos grandes vilões das redes wireless
A utilização correta dos canais de freqüência é um importante fator para evitar ou amenizar um dos grandes vilões das redes wireless: a interferência.
No mundo inteiro existem diferentes padrões para especificar as irradiações de freqüências. Esses padrões determinam, entre outros fatores, as larguras de banda para uma determinada frequência, ou seja, o espaço que é ocupado pela irradiação, onde é o seu começo e o seu final e são especificados por diferentes organizações: IC (Canadá), ETSI (Europa/Ásia Pacífico), MKK (Japão), EUA (FCC - Federal Communications Commission) e Brasil (Anatel). A Anatel baseia-se nas especificações do FCC americano que, na faixa básica de 2,4GHz, utiliza a banda de 2.412MHz a 2.487MHz, dividida em onze canais com 22MHz de ocupação cada.
O gráfico da fig.1 mostra a ocupação dos canais nas faixas de freqüência de operação. Como é possível observar, os canais possuem um espaçamento de 5MHz, isto é, o canal 1 tem banda de 2.401MHz até 2.423MHz, o canal 2 começa com 2.406MHz e termina com 2.427MHz, assim por diante. No intervalo de 22MHz ocupado pelo canal 1, ocorre o início de mais quatro canais: 2, 3, 4 e 5. Quando um ou mais desses canais são utilizados, uma parte da banda do canal 1 também é utilizada, deixando de ter 22MHz exclusivos, pois está dividindo uma parte de sua banda com os outros canais, gerando interferências e perdas de desempenho.
Por padrão, os principais canais livres de interferência são: canal 1, canal 6 e canal 11. Portanto, é aconselhável dar preferência para estes canais ao projetar uma rede wireless, desde que não haja outro dispositivo no mesmo canal.
Por definição, interferência significa:
- Efeito produzido num receptor por ondas ou campos elétricos que produzem ruídos ou outros sinais na recepção. No caso das redes wireless, a interferência é causada quando dois ou mais aparelhos utilizam a mesma banda.
A interferência pode ter várias origens. Tudo que irradiar RF (Rádio Frequência) com grande potência pode interferir nas redes Wireless. Os casos mais comuns são: telefones sem fio, aparelhos de microondas, rádios do governo ou militares e, é claro, os próprios equipamentos wireless. Basicamente, é o recebimento de informações de fontes indesejadas que dificulta ao receptor interpretar o sinal corretamente, exigindo uma retransmissão, e o desempenho da rede diminui. Quando ocorrem altos níveis as redes podem ficar indisponíveis.
Com essas informações devem começar a surgir dúvidas como:
Com quatro painéis setoriais de 90º na torre de distribuição, como fazer para um não interferir no outro?
Neste caso, sempre se deve dar preferência para os canais 1,6 e 11 em três das antenas setoriais, sobrando uma antena para fechar o ângulo de 360º desejado e, nesta, basta repetir um dos três canais de uma antena do setor de trás. Também se recomenda distância física de 1 metro entre as setoriais. Assim, não haverá interferência entre seus próprios equipamentos. Entretanto, podem existir fontes de interferência causadas por outras redes e, trocar os canais das antenas setoriais, se não resolver todo o problema, melhorará sensivelmente o desempenho da rede.
Outro caso: Supondo que todos os canais da localidade já estejam em uso. Utiliza-se alguns canais um pouco menos congestionados, mas ainda assim não é possível obter links de boa qualidade.
Um amplificador poderá resolver o problema?
A resposta sem sombra de dúvidas é não. O amplificador pode ser uma poderosa arma para aumentar a potência se usado adequadamente, caso contrário, ele pode tornar o problema ainda maior. O amplificador de sinal funciona da seguinte maneira: Fala-se mais alto, mas também se escuta mais alto.
Tecnicamente o que acontece é que o amplificador aumenta a potência de saída (TX) e também aumenta a sensibilidade do equipamento. Essa sensibilidade deixa o equipamento muito mais suscetível a interferências. Por isso, não é aconselhável usar amplificadores para resolver este tipo de problema, pois causará mais interferências, tanto para quem transmite quando para quem recebe, causando transtornos para a própria rede ou em outras redes próximas.
O uso de amplificadores é indicado em locais onde não haja risco de interferências em outras redes, como redes ponto-a-ponto ou redes AP/Cliente, onde a potência da antena mais a potência do rádio não são suficientes para o enlace.
Uma alternativa para evitar as interferências pode ser a polarização, que é forma com que as ondas se propagam no ar em relação ao solo, podendo ser: circular a direita, circular a esquerda, horizontal e vertical.
A polarização vertical é mais utilizada por provedores e empresas de consultoria em TI. As polarizações horizontais e diagonais ainda são uma novidade na área de wireless. As antenas Hyperlink®, por exemplo, tem características de proteção contra polarização cruzada, ou seja, elas rejeitam os níveis de interferências das polarizações contrárias em relação a elas.
Exemplo: Muita interferência em polarização vertical. Altera-se a antena para uma de polarização horizontal. As redes que antes tinham um alto nível de sinal, agora tem nível de sinal reduzido.
Mas vale lembrar que quando se altera a polarização não se pode mudar apenas a polarização de uma das antenas, todas as antenas que fazem parte do enlace devem ser alteradas (incluindo os clientes).
Esses são os problemas mais freqüentes com interferências, fazer um projeto de canais e escolher bem a polarização antes de implantar uma rede wireless poderá resolver a maioria deles.
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